quinta-feira, novembro 10, 2011

faz mais de dez anos.

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- Milton, ôo Milton !
- Que é Plínio!?
- Vamos no jogo do Tigre?
- Plínio, faz mais de dez anos que não coloco meu pé no estádio, acho que nem sei como entrar "naquilo" lá. Acompanho futebol discretamente, você sabe, acompanho e torço para o Tigrão estar bem, pois ainda é assim: o futebol é a maior representatividade de uma cidade no esporte.
- Pôw Milton é que ganhei um ingresso e estou com o meu sobrando, quero vender lá na frente mas se você disser que vai, te dou ele.
- Passa isso pra cá então, mas vamos combinar de se encontrar lá na frente, faz mais de dez anos que não entro naquele trem..
- Alô!
- Ow Milton tu tá onde seu “desgramado”? está vindo de ré, de jegue, a pé ?
- Isso.
- Isso o que? Ta vindo a pé ?
- Sim, eu não sabia como era , se estava cheio, vai que rola umas pedradas no carro sei lá...
- Milton anda rápido, a gente não está no Rio de Janeiro, portão 4. procura o portão 4.
- Ok Ok.
"portão quatro, portão 4". 

- Até que enfim chegou hein? Parece que nunca entrou aqui no "Majestoso".
- Já disse que entrei, mas faz mais de dez anos. Porque entramos pelo portão 4 se estamos andando até lá do outro lado do estádio perto do portão 1?... Nossa mudaram algumas coisas aqui, está bonito o "Heribertin".
- É por causa das crianças do Sílvio.
- Que o estádio está mais bonito?
- Não, "asno", o portão 4.
- Sim eu entendi, só estava zoando rsrsrs...

- E aí Sílvio como vai? Trouxe a garotada para assistir ao jogo do Tigre?
- Tem que trazer né Milton... fazer aquela torcida!
- A gente fica por aqui mesmo, Plínio?
- Isso. Só dá uma sentada aí que daqui a pouco já vai começar o jogo e o pessoal aí atrás fica pedindo pra sentar!
- Ah é? Desculpe então, é que faz mais de dez anos que não entro aqui. E quando eu vim, não recordo o porquê do jogo, mas era Criciúma X Tubarão... Estádio lotado e não lembro da torcida sentada naquele jogo.
Sílvio interrompe:
- Devia ter sido alguma semifinal ou final, pra torcida ficar em pé.. somente assim e ainda olha lá!
- Extranho. Murmurou Milton.
- Sim. Afirmou Plínio.

- Olha lá, mas tem uma galera entrando ali ó, de tambor... tem até trompete cara.
- São "Os Tigres", torcida organizada... não param um segundo, esses torcem de verdade.
- Poxa Plínio que legal... já pensou se todos fossem assim!?...
- Nem me fale, fui em um jogo no Beira Rio.. 90 minutos em pé, outra coisa... bonito de se ver...
- Mas lá na Europa a torcida não fica quietinha, sentada bem perto do campo? Deve ser por isso, deve ser um "problema" cultural, aqui tem muita "talianada".

- Gostei disso cara, que animal:
"Vamos tigre, te quero sempre
Jogue com raça, com coração
O que sinto por você levo comigo até morrer
Vamos tigre, vamos tigre, vamos tigree ".
- Agora vai começar, se liga no Zé Carlos, no Roni  e mais algum jogador aí...
- Beleza.

- Que viajem isso...
- Isso o que Milton?
- A torcida parece um robô. senta-levanta. senta-levanta. Quando a bola chega perto do gol. Que engraçado...



- Que cê ta fazendo Milton?
- Cara eu tô cansado de ficar sentado, Plínio, bora ficar em pé aí cara....  Sílvio levanta essa bunda  aí véio... bora vibrar, como é que esse time vai chegar a série A com todo mundo sentado? Olha lá Os Tigres, os caras não param bixo! 

"seeeenta, seeenta"
- Viu? senta aí Milton, não disse que iam começar a xingar..
- Não acredito no que estou vendo... Os caras  vem pra cá todos os jogos e ficam aí sentado comendo amendoim? ...  isso aqui não é missa cara...
- É, mas é assim que eles assistem. Senta e cala a boca.
- Mas na hora do gol pode comemorar?
- Daí pode.
- PÊNALTI, FOI PÊNALTI, SEU JUIZ
- Haha agora vai ser Gol Zé Carlos vai bater e vai ser Gollll !
- Gol, Caramba deu Gool  Gooooooooooooooooooooooooooooooooollllllll !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
- Pai amado! Até que enfim eu vi essa torcida "quebrar" tudo.

- Agora o jogo está bonito hein Milton?
- Cara to gostando de ver, nossa já fazia mais ...
- Eu já sei cara, não precisa mais repetir..
- Já sabe o que plínio?
- Que faz MAIS de DEZ anos que VOCÊ não entra aqui no “Majestoso”.
- É que não tem como falar daqui sem lembrar disso.
- Ó ta vendo? Gol da Ponte caramba!
- Que Naba, que desgraça!!

2º Tempo.

- Vamos ver o que acontece agora.
- Nem fale.
- Sílvio! Faz alguma coisa aí cara, uma oração, sei lá. Qualquer coisa.
- Não sou “pai de santo” bixo! “Cês tão loco”.
- Plínio, tu que entende de futebol, como é que fica esse trem agora?
- O time está bem, ta passando a bola, tentando achar uma saída, está lutando, mas a Ponte ta marcando bem, ta complicado Milton. E o Juiz... o Juiz  ta de sacanagem com a gente, “tá loco”!
- Humm.
- O que que é HUmmm Milton?
- Hummm é hummm cara.

- Ok eu falo, é que você explicou como está o jogo e tem uma galera aqui atrás vaiando o Criciúma cara, tão xingando o tal do Roni também que você mandou eu ficar de olho que o cara era bom... e tão dizendo que o Zé Carlos é vadio...
- Milton a torcida do Criciúma é uma novela, tu já viu como é né, eles ficam sentados, tu mesmo já falou... e esse negócio de vaiar, eles sempre fazem, fizeram com o Douglas, diziam que ele era vadio também, mas é só porque o cara era de Forquilhinha, o cara é craque foi pra seleção.. Olha lá vê se Os Tigres param de vibrar.
- Pois é.
- Essa nossa torcida é muito bairrista.
- Hu hum

- Sílviôo! Falta quanto pra acabar o jogo?
- 22 minutos.
- Mas a torcida já está indo embora!
- Normal.
- Normal?? Normal seria todo mundo estar em Pé aqui nesse jogo.
- Sim, normal.

No dia seguinte:

- Plínio você viu os jornais ou escutou alguma rádio hoje?
- Mais ou menos.
- A “crítica esportiva” disse que a torcida do Criciúma vibrou  até o último minuto!?
- Eles devem estar falando da torcida Os Tigres.
- Só pode. Pois faz mais de dez anos que não entro no “Heribertin”, mas perguntar a hora eu ainda sei e lembro muito bem que o Sílvio disse que faltavam 22 minutos pra acabar o jogo quando já tinha gente indo embora...
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bjs pra torcida!

sexta-feira, dezembro 03, 2010

café das três.


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.baixinha pequena.
Menina Mulher,
.sabe fazer o que ela quer.

.altas e impulsivas desejam o além.
eterno sabor deve ter um harém,
mas um Café e uma Mulher, já me fazem refém.

.coisas que só,
As mulheres conseguem. Nós,
como homens, instinto faminto.
sempre aos seus pés
.ficaremos omissos

.meu vício é o café,
Amargo ou docinho.
Igual a Mulher, tempero especial
o cheiro que exala entranha às narinas.
mistura perfeita, substância real.

situação que se faz, entre o bom e o mau.
.o café, poderoso, te joga pra cima
se iguala a Mulher,
com suas garras felinas .
te passa um êxtase refogado em vapor.
.Café e Mulher apreciam o calor.
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{Messias Fernandes} .
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{texto escrito e inspirado em uma situação no Café das Três-Giassi Sta. Bárbara}
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bjs pra torcida!

sábado, novembro 20, 2010

ricardo coração de leão.

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.tenho um amigo chamado Ricardo, isso. Não sei se poderia chamá-lo apenas de amigo, afinal ele me ensinou muita coisa que ajudou a me posicionar profissionalmente e socialmente sem pedir nada em troca e sem fazer com que eu esqueça minhas origens ou ter que mudar meu jeito de ser. Grande cara, o Ricardo, sabe muito da vida, as vezes chego a pensar que ele sabe tudo na verdade. Posso dizer que ele é um grande mestre, posso dizer e digo. Está dito. A partir de hoje, está. Ele é de leão. Pessoas de leão e escorpião tem uma relação de amizade dificil mas quando existe é de grande fidelidade e duradoura, frase do Schuster {ricardo schuster}. Fiz um twitter para o Schuster um dia { @markricardo } ele usa .... , quase nunca. Aliás, nunca. Vivo pegando em seu pé devido a isso, tenho esse direito por conquista, nem todos podem pegar no pé dele. Mas agora ele está "Pheeno" de internet móvel e disse que vai voltar ao mundo cibenético. Descendente de alemão vive tirando sarro de sua própria etnia e rimos disso. Certa feita, em uma de nossas viagens a trabalho no Hotel Atlantico {lembro até do local} na cidade de Rio Grande-RS, Schuster me disse um uma frase que vive martelando em minha mente depois de uma discordância de idéias, coisa de gente jovem e impulsiva {de minha parte}. Nunca mais esqueci: "caro messias, saiba que a relação que teremos sempre será de Professor e Aluno, Mestre e Puplio ou de Pai para Filho, protejo meus aliados". Aquilo bateu como um martelo, sem ser pretensioso, apenas assenti {um sim} com a cabeça. Nesse exato momento aprendi mais uma das tantas coisas que ele já me ensinou: Ética e Hombridade sempre. Mas a real finalidade desse post é que já que esse grande cara, anda muito ocupado para publicar seus dizeres na internet {vivo pegando em seu pé por causa disso} quero compartilhar algumas de suas colunas aqui no vivaOUexista. Sim ele escreve semanalmente para o "Noticias da Semana" de Araranguá. É nessa cidade que o Ricardo de São Leopoldo-RS, fincou suas raízes pessoais, pois as profissionais são do mundo. Grande Marketeiro e grande Estrategista Coorporativo, já prestou e ainda presta serviços para várias empresas, um excepcional Coach , ele. Internamente sem ele saber o chamo "ricardo coração de leão". Acredito que devido a sua personalidade e uma alusão ao seu signo. Schuster escreve sobre comportamento humano em sua coluna e segue abaixo uma delas. Que esse post de hoje também sirva como uma homenagem à ele já que cada vez mais acredito que as homenagens melhores da vida, são exatamente as ditas... em vida, senão qual o sentido real de viver. Para que { ? } esperaRmos o dia de amanhã {ao qual não sabemos o que vai acontecer} se temos, o dia do AGORA. Como não existe perfeição em tudo, Ricardo Coração de Leão tinha que ter um defeito: é Colorado.

bjs pra torcida!
segue:

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Noticias da Semana – 20/10/2010 - Ricardo Schuster.

Tropa de Elite 2

Grata surpresa ao assistir ao filme. O primeiro é muito bom, mas tem-se a sensação nítida de uma ficção. Ganhou o Urso de Ouro merecido, mas o segundo é um filme visceral. Dói o estômago “do cara”. Wagner Moura, como subsecretario da segurança do Rio de Janeiro esta novamente brilhante. Não tenta roubar a cena. É comedido no estrelato e interpreta o ex- capitão Nascimento dando-lhe o toque de um homem sem esperanças, cansado e frio com a vida. Também se apresenta “quase doente de desgosto” em relação às instituições do Estado do Rio de Janeiro. O “sistema”( leia-se políticos legislativos e executivos, a policia e suas instituições e os bandidos) é totalmente podre e sempre recria as malvadezas. É indestrutível, evolutivo na sua sobrevivência. O crime se recria, se metamorfoseia conforme a necessidade de nova adaptação. Mas, o filme, tem um viés do bem no personagem de um ambientalista. Um...no caminho virtuoso escolhido e, como sempre, digo para meus filhos: “A virtude tem que ser cultivada, desejada e praticada diariamente. Não se nasce com virtude. Não se herda virtude e, principalmente, não se consegue fingir virtude”. O filme é um “documento”. É uma denuncia para nós brasileiros e pela qual devemos nos responsabilizar, para resolver. Passa diretamente pelos políticos. Passa pelo nosso voto na verdade. Assistam o filme e vocês irão me entender.

Falando de canalhas

Outra visceral. Um livro agora. O titulo é “Honoráveis Bandidos”. Editora “Geração Editorial”. De Palmério Dória. Este é indigesto. O livro só fala da “podridão”. Da podridão dos políticos citados no filme de Padilha (diretor de Tropa de Elite 2). Só que o livro não é ficção. É jornalismo dos bons. Jornalismo de investigação e denuncias. Este mesmo que o PT insiste vez por outra em controlar, em censurar. Sabe você leitor quem são os denunciados neste livro, com nome e sobrenome e endereço? José Sarney e toda a “cambada” da sua família. Claro que aparecem, alem deles, vários outros nomes de figuras ilustres do cenário político brasileiro. Se você ler o livro não vai conseguir entender como Sarney e familia, chamado de brasileiro diferenciado pelo Presidente Lula, não estão presos e banidos “da vida publica” brasileira. No Maranhão, estado do Sarney, corre uma piada em que um do povo pergunta para outro:

-“Qual a pior coisa do Maranhão?”

-“A família Sarney.”

-“Qual a melhor coisa do Maranhão?”

-“Ser da família Sarney.”

Alias, o Maranhão é dos Sarney mesmo. Ruas, praças, escolas, logradouros públicos tudo tem o nome de um “Sarney qualquer”. E é bom saber que até pouco tempo o presidente do Partido Verde era o Sarney Filho. O patriarca, maníaco, constrói um mausoléu ( com dinheiro publico, em um prédio publico) para seu sepultamento em São Luís acreditando que quando morrer ocorrerão romarias religiosas em torno de sua lápide. É muito “se achão” esse Sarney. Leiam o livro. É baratinho. Meio indigesto. Se alguém quiser... Eu empresto.

Grato... Semana que vem vou falar de D Pedro I, brasileiro de adoção. Mas um herói que vale a pena conhecer.


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- para quem é do vale do araranguá, pode acompanhar as colunas do Schuster todas as quintas-feiras no "jornal semana news".
- não é sempre que ele me envia suas colunas para eu ler {ele é meio esquecido} mas últimamente me enviou suas últimas quatro publicações. Na próxima tenho uma outra coluna já para repassar, aguardem!
- de minha parte era isso, forte abraço Papalaguis.
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domingo, novembro 14, 2010

lauda 5

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pés de sinamão

"...o avião já havia cortado todo o espaço visível. "Letras na areia" já não faziam mais sentido."
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.foi para a sacada. na mesma hora de sempre, que é o momento que passa aquele avião sentido sul-norte. Foi ver o seu melhor. Com uma taça de vinho em mãos, puchou um luck strike e o isqueiro de metal. Não funcionou. acredito que a carga acabara. mas já {?}. Tomou um gole do vinho. Se deliciou com a sensação da nicotina. Pensou nas cifra$ musicais. Aquelas que o mundo sempre precisa. Talvez as cifras principais C, D, E, F, G, A e B. {mais um gole de vinho} ou talvez ainda, outras cifra$ como R$, €, ¥, US$, £ talvez até mais nescessárias. Ambas são Cifras. Desde 1871, dizia na carteira de cigarro. Desde tempos ele não via os pés de sinamão. Mais um gole do Merlot 2007 que estava ao seu lado e de olho no céu com uma brisa leve assoviando, o avião já havia cortado todo o espaço visível. "Letras na areia" já não faziam mais sentido. Restavam as estrelas. Essas sim continuavam belas bem como eram os pés de sinamão em outros momentos. O vinho já o tornara leve junto a nicotina do luck strike. E junto a isso tudo, um mar de pensamentos soltos. "A gente é nada". E o que mais o indignou é que ele já sabia disso. A novela recomeça, com risos vindo d'outro lugar.
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sexta-feira, agosto 27, 2010

lauda 4

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pés de sinamão

"...uma escuridão em plena tarde ensolarada..."
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.em uma pausa nessa fase da vida de criança e saltando para uma fase bem ao longe. O garoto bateu em algo, estragou a frente do carro, umas das perdas foi a Luz, perder a Luz não é nada bom. Ao quebrar o farol, ficou o seu caminho escurecido. As escuras, ficou sem ver mais nada? Por um instante sim, já que precisava de tempo para compreender. "Novamente". O garoto-homem pensou aquilo que todos pensam quando ocorre algo de errado consigo "porque isso acontece somente comigo". Mas não foi nada grave, a batida foi leve, o problema é que já fora a terceira vez, mas raciocinou, é nessas horas que o respirar pronfundamente auxilia nas decisões, no que falar e melhor ainda, como agir. Pediu "desculpas" e disse para quem se "achou" prejudicado "segue a sua viagem, que aqui comigo eu me viro". Entrou no carro, virou a chave, estava tudo certo com o motor. Então saiu, deu meia volta, se posicionou a frente do automóvel, pensou em desesperar-se, mas desespero não ajuda a ninguém. Frio e calculista ficou a olhar para a frente do carro, estilhaçado o farol, o mesmo não clareava mais os seus caminhos. Uma escuridão em plena tarde ensolarada. Lembrou de quando tudo era mais fácil, quando existia os dois pés de sinamão, lá o ar era mais leve, chovia granizo, o vento sussurrava e as vezes o Minuano batia forte, o sol ardia no verão e a sombra se fazia por causa dos sinamãos. Revirando isso tudo titubeou, pensou em desistir, pois isso faz parte do ser humano, mas como sempre surge aquele facho de luz bem lá no finzinho do túnel e lembrando que os pés de sinamão suportavam muito mais que isso e resistiam ao tempo e a tudo, juntou os cacos e seguiu o caminho de volta, contornando as curvas e observando a paisagem, já que tudo era muito maior e mais importante que estragar o carro.
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quarta-feira, agosto 25, 2010

lauda 3

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pés de sinamão

"... ainda mais que a vista eram os pés de sinamão..."
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.tinha movimento já na mercearia, no Armazém! - ela tem seus 4 anos, bem localizada ela é. Sabe aquelas mercearias ou armazéns todo amadeirado, que você entra e já sente o cheiro de café novo, então, lá era assim, simples e aconchegante. E por falar em café...Era meia tarde, hora do café, dezesseis horas indo para as dezessete mais ou menos, a mãe deixou a roupa para dobrar depois, foi ajudar no Armazém mesmo começando a chover ainda tinha gente chegando para comprar, apesar de já ser em um número menor, a mãe do moleque precisava “dar uma mão”. Era em preto e branco, mas havia uma TV naquela casa, mais ou menos nessa hora- a do café- passava o Clube do Bolinha, tinha até uma trilha: “bolinha, bolinha, está na hora de você entrar na linha”. Eu lembro de algo, você lembra? O garoito lembra bem. Passava na TV Bandeirinhas era um sucesso. Concorrente direto do Chacrinha, outro sucesso para a década de 80 só que esse era na Rede Círculos. Descambou-lhe água de vez agora, era até bonito de se ver aquela chuvarada, parecia que só lá naquelas terras é que a chuva derramava daquele jeito. Derramava. Era um prazer ficar de braços cruzados apoiados na janela vendo aquela chuva cair e lá vinha a irmã quase da mesma idade se distrair um pouco, junto ao garoto, exigindo seu devido espaço na janela, ainda mais que a vista eram os pés de sinamão. Vez ou outra as duas crianças viravam para traz, olhavam para a TV a fim de assistir mais um pouco do "Clube do Bolinha", apesar de estar meio chuviscada a imagem no aparelho, ela não perdia o seu efeito de distração. Era algo além do que se podia imaginar, "como é que aquelas pessoas foram parar ali naquela caixinha com vidro"? Interrogam-se as duas crianças. -“eu não acredito que vocês estão com essa TV ligada”- esbravejou a mãe dos pequenos- ficaram em silêncio se entre olharam o rapaz e a guria e disseram com toda certeza “ah mãe nem ta trovejando” e nisso cai aquele estrondo que ninguém nunca está esperando “viram? O que que’u disse? Mas será que eu mesmo tenho que desligar”? E lá se vai à mãe dos moleques... aperta o botão, desliga a TV. De modo que não existia na verdade um botão, você empurrava mesmo era uma espécie de roda que fazia o trabalho de regular a imagem pressionando-o e de desligar e ligar o aparelho pressionando mais ao meio, era divino! Coisas do futuro, claro.
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