segunda-feira, agosto 23, 2010

lauda 1

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pés de sinamão


“... ventava e as roupas estavam no varal.

na frente da casa tinha dois pés de sinamão ou cinamomo...”

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.era pequenino, e tem imagens que não lhe sai da cabeça, daquelas que você não esquece jamais, não sei se acontece com todos, mas com ele aconteceu. Tem uma que sempre lhe passa, acho até legal descreve-las, pelo menos aqui vou sempre me lembrar... vai que eu me esqueça...do acontecido com o rapaz. Existe um lugar chamado Terra do Polvilho, fica lá perto do "fim do mundo". Creio que é mais ou menos lá o fim do mundo, porque a gente olha em direção ao oeste, onde o sol se põe e não se vê mais nada, parece que acaba tudo ali, com aqueles imensos paredões chamados de canyons. Ele imaginava igualmente aos antigos desbravadores dos mares, que subindo aqueles imensos paredões não haveria nada do outro lado e aí você cairia num abismo ou sei lá, em algo como um imenso gramado que depois se ligaria com algum vulcão, coisas desse tipo... Enfim... Ventava e as roupas estavam no varal. Na frente da casa tinha dois pés de sinamão ou cinamomo - pelo menos era o nome vulgarizado que todos chamavam pra’quelas árvores que faziam bastante sombra e que na primavera saia umas “baguinhas” verdes pequeninas tipo cachos, sabe? Se não sabe, elas são “mais” conhecidas como Melia azedarach, nome dado pelos botânicos pra nenhuma pessoa esquecer, claro. Crianças brincavam de guerrinha com aquelas “baguinhas” - era fim de outono, havia algumas folhas caídas ainda, mas os pés de sinamão já estavam bem encorpados e a primavera estava chegando. Entre os dois pés de sinamão tinha o varal. A corda ia de uma árvore até a outra. Muito comum daquela gente plantar árvores e utiliza-las como varal. Fico imaginando "se para ser um homem realizado na vida tem que escrever um livro, plantar uma árvore e ter pelo menos um filho", para o pai daquela família só faltava escrever o livro, por que os pés de sinamão foi ele quem plantou e os filhos completavam o restante desta ciranda. Mas concluí que ele nem sabe dessas coisas e mesmo assim é realizado. Ciranda, outra coisa bem comum entre aquelas mesmas crianças que brincavam de "guerrinha de bagas de sinamão".

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